sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Partes de Mim


Foi eu quem quis assim, ponto final. Me desfragmentei como peças de um quebra-cabeça. Me colori meio de preto, meio de branco, porque são cores simples e que se entrelaçam, fazem uma combinação quase perfeita, são fortes, são as mais bonitas da aquarela. Preto e branco juntos transpõe-se cinza, que por sinal, outra bela cor também (...) Uso um vocabulário mudo, visto uma postura madura, séria, focada, sei lá, qual se encaixa melhor (...) Muitos indagam sobre meu sorriso, sobre meu semblante de menino. E qual a importância de um sorriso a esta altura do campeonato? De que vai valer oscilar semblantes? Ora menino, ora adulto, ora menino, depois adulto de novo. Não! Prefiro ser apenas um. Friso, escolhas minhas, ações minhas e consequências minhas, de mais ninguém, portanto, não tem porque demonstrar tanto espanto, só acomode-se ao meu temperamento aversivo (...) Abri mão de alguns investimentos, porque foram necessários, muito mais do que por escolha. Não tenho tanta coisa que de fato eu dê muita importância, com excessão do EGO, que me vale muito, muito mesmo. ‘Tenho’ pessoas que me valem pouco, talvez, um tanto equivalente a um riso sarcástico (...) Aos poucos fui tecendo o significado de prioridade, infelizmente não consegui muita coisa, em compensação, ao remodelar o conceito de opção, descobri o mundo. (...) Quando penso em perder, sofro já antecipadamente. Contraditório, porque ninguém perde, desfazemo-nos apenas de objetos, situações e pessoas sem valor. A palavra perder me soa ainda algo associado a covardia, humilhação. Quanto aos meus sentimentos, não sei se perdi, se abri mão ou se foram destruídos, remodelados. A parte boa disso tudo é que não serei uma paisagem transmutável, serei a mesma vista todos os dias, o mesmo retrato e denotarei sempre o mesmo significado (...) Quando zombaram do meu conceito de liberdade, me senti perturbado, tanto que quis descobrir mais sobre como é e o que é ser livre. Mamãe já dizia: sua maior qualidade, seu maior defeito são um só, aventureiro! E eu fui ser livre.  Me desprendi de tudo: dos patéticos que se assentavam na primeira fileira, do confinamento de 08 horas diárias de trabalho, de paixões eloquentes, de pessoas com pensamentos medíocres.  Vim parar ‘num’ lugar onde as pessoas trocam ensinamentos de como serem somente delas mesmas. E como articulam bem a linguagem do egoísmo. Aprendi ser mais frio, um tanto calculista, menos eufórico, menos ingênuo. Descobri coisas interessantes sobre esperteza, uma delas, passar a imagem de lerdo ao público. Os melhores ensinamentos mesmo foram embasados em erros, que não há necessidade de pontuar. Pontuemos sucessos, porque o obscuro é pertencente somente à gente. Acho fantástico tudo isso, como o inconsciente reage a estímulos externos e como reagimos frente a tanta bagunça. Enfim, o que me resta é somente esperança de um dia me perder completamente, porque não há meio termos e não quero me sentir como um quebra-cabeças.

Nenhum comentário:

Postar um comentário